segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Preço do petróleo cai abaixo de US$ 50 pela primeira vez desde maio de 2009

Barril do tipo leve americano foi negociado a US$ 49,95. O Brent também bateu recorde histórico

O preço do barril do petróleo do tipo tipo leve americano caiu nesta segunda-feira abaixo de US$ 50 em Nova York pela primeira vez desde 1º de maio de 2009. O barril para entrega em fevereiro foi negociado a US$ 49,95. Depois, subiu a US$ 50,20. Já o barril do tipo Brent, negociado em Londres, com vencimento em fevereiro era negociado a US$ 54,95, às 9h55 (horário de Brasília), um recuo de 2,6%, após ter tocado patamar mínimo de US$ 54,85 o barril, também o menor nível desde 2009.
É a terceira sessão seguida de queda dos preços do petróleo. Na semana passada, a cotação do Brent caiu 5,1%. Considerando o ano de 2014, o recuo foi de 48%, o maior desde a eclosão da crise financeira global em 2008, em boa parte devido à resistência da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) em cortar a produção numa guerra por participação de mercado com os produtores americanos de gás não convencional.
O cartel de 12 membros, responsável pelo fornecimento de cerca de 40% do petróleo do mundo, produziu em dezembro acima de sua meta pelo sétimo mês seguido, segundo pesquisa da Bloomberg News.

Nesta segunda-feira, os mercados reagiam às notícias de que a produção de petróleo da Rússia, um dos maiores exportadores de petróleo e gás do mundo, alcançou no ano passado a maior volume da era pós-soviética, com uma média de 10,58 milhões de barris diários (bpd), uma alta de 0,7%, segundo o governo. Já as exportações do Iraque, o segundo maior exportador da Opep, em dezembro foram as maiores desde 1980, segundo informou o Ministério do Petróleo do país.


EUA AFETADOS

Há apenas dois meses, a Continental Resources, a empresa prospectora de gás não convencional fundada pelo bilionário Harold Hamm, considerou uma cotação de petróleo a US$ 80 o barril para fazer seu orçamento e planejou investir US$ 4,6 bilhões em 2015. Seis meses mais tarde, com uma queda do preço do petróleo de 29% nesse ínterim, a Continental cortou seu orçamento para 2015 a US$ 2,7 bilhões.
Já a Halliburton, o maior fornecedor de serviços de fraturamento hidráulico para empresas petrolíferas, anunciou em 11 de dezembro passado que vai demitir mil empregados. Dois meses antes, o presidente e diretor-executivo Dave Lesar afirmara que “nosso setor estará bem” se o preço do petróleo oscilar entre US$ 80 e US$ 100 o barril.
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O boom do setor de gás não convencional nos Estados Unidos, que colocou o país mais perto do status de autossuficiência energética, será desafiado este ano como nunca antes. O preço padrão do WTI caiu abaixo de US$ 60 o barril, o crescimento da demanda está perdendo força e a Opep, que controla 40% da produção petrolífera mundial, resiste a cortar o volume produzido.

— A extensão e a rapidez da queda do preço foi uma surpresa — disse Andy Lipow, presidente do Lipow Oil Associates, uma firma de consultoria em energia de Houston. — O setor está encarando uma nova realidade.
Depois de ter alcançado o pico de US$ 107,73 em junho de 2014, a cotação do WTI caiu a US$ 51,46 nesta segunda-feira, na Bolsa Mercantil de Nova York. Este patamar está abaixo do ponto de equilíbrio que torna o investimento em gás não convencional economicamente viável em 37 dos 38 campos de exploração, segundo dados da Bloomberg. A RCB Capital Markets e a CIBC World Markets preveem que os preços continuarão abaixo dos US$ 60 no primeiro trimestre de 2015. Já Michial Wittner, da a Société Générale, prevê uma média de US$ 64,50 no primeiro trimestre e US$ 61,50, no segundo.
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