Empresas de mineração, petróleo e gás estão contratando geólogos, mas
a ascensão profissional depende de constante qualificação técnica
São Paulo - A exploração de novas minas e o crescimento do setor de
petróleo no brasil fizeram aumentar a procura por geólogos no último
ano. o problema é que o profissional que o mercado busca — experiente e
dono de conhecimento técnico aprofundado — não existe em número
suficiente. "A grande questão é que é necessária muita especialização",
diz Adriana caixeta, gerente de recrutamento da Michael Page do Rio de
Janeiro.
Por causa disso, não funciona com geólogos a estratégia de pescar
recém-formados e colocá-los para aprender na prática, tão comum em
outras profissões. Como resultado, os mais procurados e cobrados têm
entre 30 e 35 anos. "Eles se formaram há dez anos, têm experiência no
mercado e já partiram para uma especialização acadêmica", diz Adriana.
Para se manter valorizado, o geólogo deve melhorar a formação, se
possível no exterior. "Para cada terreno há um tipo de tecnologia
diferente de exploração e por isso é importante ficar por dentro do que
acontece na europa, nos Estados Unidos e, principalmente, no Iriente
Médio", afirma bruno Fonseca, líder da área de óleo e gás da empresa de
recrutamento hays.
"Você nunca pode parar de estudar. Mestrado, doutorado,
pós-doutorado, troca de experiência com profissionais de outros países e
constante conexão com as tecnologias estrangeiras são fundamentais para
permanecer competitivo", diz Rogério Santos, professor de geofísica de
petróleo na Universidade Federal Fluminense (UFF) e consultor técnico da
Petrobras. "Por isso, nesse mercado, é importante trabalhar em uma
empresa que invista na formação de seus profissionais."
Com perfil bastante técnico, reservado e mais individualista, o
geólogo que deseja aproveitar o momento e encaminhar sua carreira
precisa estar conectado. "Esse é um mercado de relacionamento. os
profissionais dificilmente se candidatam a alguma vaga. A maioria das
contratações é fechada por meio de indicação", diz Adriana, da Michael
Page.
A boa notícia é que o campo de trabalho é tão restrito que
praticamente todo mundo se conhece. "O geólogo hoje tem de conhecer as
pessoas da área que possam indicálo para oportunidades que aparecem",
conta Adriana.
Para quem está entrando no mercado, Rogério prevê dificuldade em
conseguir o primeiro emprego e a competição com alguns profissionais
estrangeiros mais preparados, que, fugindo da crise na Europa e nos
Estados Unidos, têm buscado emprego no Brasil. "Não adianta se iludir
achando que está pronto e parar no tempo. A concorrência é muito
pesada", afirma Rogério, que vê a capacidade de absorver tantas
informações como o principal trunfo da geração mais nova de geólogos.
Luana Medeiros, de 28 anos, se formou há cinco pela Universidade Federal
do Rio Grande do Norte.
Depois de oito meses de formada, sem conhecer ninguém e com um
currículo de uma folha, resolveu ir para o Rio de Janeiro, por conta
própria, bater na porta das empresas. "O início é complicado. Ninguém o
conhece, você não tem uma área específica de atuação. Mas descobri que
as companhias sempre querem contratar alguém para treinar", diz. Após
muita procura, Luana encontrou uma vaga na PGP, consultoria que prestava
serviço e em seguida foi comprada pela Vale.
Trabalhou por três anos em diferentes projetos, fez sua primeira
viagem ao exterior e diversos cursos no Brasil, até ser indicada para a
Queiroz Galvão Petróleo, no Rio de Janeiro. "O mundo da geologia é muito
pequeno, as pessoas vivem pedindo indicação umas às outras", diz. A
decisão de sair da Vale foi calculada. "Eu queria migrar para uma
operadora de petróleo."
Há sete meses no novo emprego, Luana já fez três cursos de análise de
risco e petrofísica e pretende começar o mestrado ainda no primeiro
semestre. "Estou me sentindo atrasada. Na geologia, os cursos que fiz
são equivalentes a uma graduação, todo mundo já fez", brinca.
Certa da área em que pretende se especializar e ciente da velocidade
que esse mercado demanda para os profissionais mais jovens, ela já pensa
nos passos que precisa dar adiante. "Esse é o meu caminho. Agora é correr."
Fonte: Exame
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